Quatro dos acusados pelo famoso caso serão mortos. Boa parte da sociedade celebra a decisão, enquanto estupros não diminuem
“Morte a todos”, disse o juiz Yogesh Khanna na sexta-feira, 13. Os
quatro acusados por estupro, no caso mais famoso dos últimos tempos na
Índia, morrerão enforcados. Dentro e fora da corte, em Nova Délhi, uma
multidão celebrou a decisão judicial. De acordo com a imprensa de todo o
país, pareceu ter-se instalado um consenso: se fez justiça para Jyoti
Pandey. Até o pai dela, presente no julgamento, se expressou dessa
forma.
Efe (13/09/2013)
"Enforquem todos", diz cartaz de manifestante do lado de fora de tribunal em Dhéli, onde quatro pessoas foram condenadas à morte
“Disseram-nos que enforcar quatro jovens… serviria de freio”, escreveu
dois dias depois Flávia Agnes, 71 anos, respeitada advogada de direitos
das mulheres. “Que não acontecerão mais estupros se todos os
estupradores, incluindo os menores de idade, forem mandados para a
forca”. Mas, ao que parece, não foi assim. O ritmo dos estupros parece
que não irá diminuir. Na quarta-feira (18/09), o jornal de maior
circulação do país,
Times of India, relatou cinco estupros em
diversas regiões e uma decapitação, na qual um marido raivoso, porque
encontrou uma pedrinha no meio da comida de seu almoço, cortou o pescoço
da esposa.
Kavita Krishnan, dirigente da Associação de Mulheres Progressistas de Toda a Índia (AIPWA, na sigla em inglês), afirmou a Opera Mundi que
não se deve acreditar na ilusão de que “a pena de morte vai frear os
estupros”. Krishnan criticou a classe política e o sistema judiciários
desde as manifestações pela agressão contra Jyoti Pandey. “Além disso,
nem há qualquer evidência disso”, arrematou.
A velocidade da morte
Algo peculiar aconteceu no julgamento “express” em Délhi. No final do
processo, que durou o tempo recorde de nove meses, o advogado A. P.
Singh, que representou três dos acusados – e foi insultado e ameaçado
por isso –, criticou a velocidade com a qual os acusados encontraram seu
destino. Em sua argumentação final, Singh perguntou ao juiz sobre os
milhares de casos de estupro que envolvem gente pobre, sem cobertura
midiática, ou poderosa, como ministros e dignitários do Estado: “Me
pergunto porque esses casos não tiveram tramitação acelerada, como a que
tivemos aqui”.
O advogado tinha razão. E um bom exemplo é o líder religioso Asaram
Bapu, acusado em agosto de atacar uma jovem menor de idade no templo que
ele dirige. Bapu, um homem de 72 anos, foi colocado em prisão
preventiva, mas depois de três semanas do início da investigação. Até
hoje não houve sequer uma audiência preliminar ante um juiz, e a polícia
que o detêm permitiu que ele usasse suas instalações para dar uma
coletiva de imprensa.
Há duas semanas, a jovem fotógrafa estuprada em Mumbai há menos de um
mês pediu que todos os seus agressores fossem enforcados. O promotor que
atende seu caso, que tem cinco acusados saídos das favelas da cidade do
cinema hindu, prepara uma acusação semelhante à de Délhi.
Efe (13/09/2013)
Krishnan
aponta que, sem repercussão, outros casos são esquecidos e investigados
com menor velocidade. E menciona o caso de Manorama Devi, uma mulher de
32 anos que foi sequestrada, estuprada e assassinada por um grupo de
soldados sete anos atrás.
[Crianças seguram cartaz com ilustração dos quatro acusados sendo enforcados em protesto no dia do julgamento]
Até o momento não há acusados. Ela acredita que a solução não é
castigar, mas transformar com clareza as maneiras de agir do Estado (da
polícia) neste tipo de crime.
“Depois do estupro de Mumbai, o delegado anterior de polícia, YP Singh,
disse que 90% dos casos de estupro são falsos. Como nós sabemos que são
falsos? Porque ele diz”, questiona Kavita Krishnan, criticando, além
disso, procedimentos e conceitos. “Então só serão considerados estupros
os que tenham evidência forense?”, como penetração e feridas vaginais,
explica. “Nestas circunstâncias, somente os casos que provoquem a ira
massiva em Délhi serão condenados e receberão atenção midiática”,
Fonte : Opera Mundi
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TEXTO
“Surgirão muitos falsos profetas, que enganarão a
muitos; e, por causa do aumento do que é contra a lei,
o amor da maioria esfriará.”
Mateus 24:11, 12
muitos; e, por causa do aumento do que é contra a lei,
o amor da maioria esfriará.”
Mateus 24:11, 12
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