Em acordo no Congresso, governo dos EUA começa paralisação parcial por falta de verbas
Cerca de 800 mil funcionários públicos ficarão sem receber até que orçamento seja aprovado
O
governo dos EUA iniciou nesta terça-feira (01/10) uma paralisação
parcial do setor público pela primeira vez em 17 anos, colocando cerca
de 800 mil funcionários públicos em licença não remunerada, fechando
parques nacionais e suspendendo projetos de pesquisa médica. Tudo porque
o Congresso não conseguiu entrar em acordo para aprovar o orçamento do
ano fiscal de 2014.
Trata-se do primeiro fechamento do governo no
país desde janeiro de 1996 pode custar mais de 1 bilhão de dólares aos
cofres públicos, segundo a Casa Branca.
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"Infelizmente,
o Congresso não cumpriu com sua responsabilidade. Não foi capaz de
aprovar um orçamento e, como resultado, grande parte do nosso governo
deve fechar agora até que o Congresso volte a financiá-lo", lamentou o
presidente dos EUA, Barack Obama, em vídeo divulgado pela Casa Branca.
Ele também acusou os parlamentares da oposição republicana de fazerem
“chantagem”.
"Este é realmente um dia muito
triste na história do Congresso", disse a líder democrata na Câmara dos
Representantes, Nancy Pelosi, aos jornalistas pouco antes da meia-noite.
"Pedimos
ao Congresso uma ação rápida para aprovar uma resolução que proporcione
recursos durante o tempo necessário para aprovar o orçamento para o ano
fiscal 2014 e para restaurar o funcionamento de serviços públicos
críticos", disse a diretora do OMB (Escritório de Orçamento e Gestão),
Sylvia Burwell, em mensagem às agências.
Enquanto alguns
republicanos continuam debatendo no plenário da Câmara, o Senado
suspendeu suas sessões até as 11h30 (de Brasília) desta terça-feira.
Como
resultado, as agências federais dos EUA receberam ordens para suspender
suas atividades não essenciais devido à falta de recursos. A ordem foi
dada faltando dez minutos para a meia-noite de segunda-feira pelo OMB,
as instando a executar "os planos para um fechamento ordenado devido à
falta de fundos".
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Somente funcionários
de serviços considerados essenciais continuarão trabalhando, deixando
departamentos federais com equipes reduzidas, como a própria Casa
Branca. Funções vitais, como correios e controle aéreo continuarão
operando normalmente.
Forças Armadas
Ainda
na segunda-feira, o presidente Barack Obama assinou uma lei que
permitirá que todos os militares continuem recebendo seus salários
durante o fechamento. O dispositivo foi aprovado sob unanimidade no
domingo (20/09) pela Câmara dos Representantes e confirmada na segunda
pelo Senado. A medida garante o pagamento dos militares ativos, da
Guarda Litorânea e os civis e prestadores de serviço que dão apoio aos
departamentos de Defesa e Segurança Nacional durante o período de
paralisação.
Reforma da saúde
O
fechamento ocorre depois de mais de uma semana de debates e propostas
de lei cruzadas nas duas câmaras do Congresso. Os republicanos tentavam
utilizar a negociação sobre o orçamento como pretexto para enfraquecer a
lei de reforma da saúde promulgada em 2010, conhecida popularmente como
Obamacare, uma das principais conquistas políticas da atual
administração democrata.
Partes importantes do Affordable Care Act
(lei para um seguro de saúde acessível) entram em vigor nesta
terça-feira. O presidente afirmou, se referindo aos republicanos, que a
reforma da saúde aprovada há três anos "não pode parar".
Disputa
Nos
últimos dias, a Câmara dos Representantes, dominada pelos republicanos,
e o Senado, sob maioria democrata, se lançaram num jogo de
pingue-pongue. Por três vezes, a Câmara apresentou um projeto de
orçamento provisório incluindo modificações que enfraqueciam a reforma
da saúde, e por três vezes o Senado rejeitou as propostas, a última
delas já na noite de segunda.
Pesquisas de opinião indicam que a
maior parte da opinião pública apoia Obama na crise do orçamento. A
última vez que o governo norte-americano passou por paralisação similar
foi entre 16 de dezembro de 1995 e 6 de janeiro de 1996, quando o então
governo do presidente Bill Clinton teve dificuldades para vencer
resistências numa disputa orçamentária com os republicanos, que tinham
maioria no Congresso.
Fonte: Opera Mundi
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