O
chefe do Serviço Federal Russo de Fiscalização Veterinária e
Fitossanitária, Serguei Dankvert, informou que os especialistas
veterinários russos poderão fiscalizar novamente os fornecedores de carne brasileiros
já em fins deste ano. Esta informação foi comunicada no decurso de uma
conversa telefônica com o secretário de Defesa Agropecuária do
Ministério da Agricultura do Brasil, Enio Marques.
Qual
a razão desta medida? Em primeiro lugar, durante as conversações
anteriores, a parte brasileira foi solicitada a fiscalizar as empresas
de transformação de carne avícola a fim de excluir desta lista as que
utilizam soluções com teor de cloro para desinfetar os seus produtos.
Esta prática é proibida pela legislação da Aliança Alfandegária.
Infelizmente, esta fiscalização não foi realizada e a lista de empresas
não foi atualizada. Nesta situação, surgem dúvidas a respeito da
fidedignidade da certificação efetuada pelo serviço veterinário
brasileiro.
Em
segundo lugar, os produtores brasileiros – não todos, certamente, mas
alguns deles – continuam a utilizar um estimulador de crescimento
chamado ractopamina. Este perigoso suplemento de alimentação
animal já foi várias vezes pedra de tropeço nas relações comerciais
entre os dois países.
Dado
o caráter das violações detetadas, a parte russa chegou à conclusão de
que o atual sistema, de acordo com o qual cada lote de carne bovina ou suína vem acompanhada por um documento que garante a ausência de ractopamina, tem um caráter formal e não se justifica.
Solicitamos a Alexei Alekseenko,
chefe do serviço de imprensa do Serviço Federal de Fiscalização
Veterinária e Fitossanitária, que respondesse a várias questões.
"Será
mais um turno de fiscalização de empresas brasileiras especializadas na
transformação de carne. Semelhantes fiscalizações realizam-se de uma
maneira bastante regular. Uma atenção especial será dedicada ao sistema
que garante a segurança dos produtos fornecidos à Rússia. Trata-se, em
primeiro lugar, de estimuladores biológicos, cujo uso é proibido no
nosso país. Acontece que o Brasil pertence ao número de quatro países,
ao par dos EUA, México e Canadá, que têm utilizado ativamente o
estimulador farmacológico americano de produtividade, a ractopamina.
Por
isso, a tarefa principal dos nossos peritos consiste em certificar-se
de que o sistema brasileiro de segurança não admitirá o fornecimento da
carne com ractopamina ao nosso mercado. Além disso, serão fiscalizados
também outros parâmetros, em particular, o grau de eventual contaminação
da carne com metais pesados e outras substâncias microbiológicas. Isto
é, será verificada a execução fiel das normas de segurança, previstas
pela legislação da Rússia e da Aliança Alfandegária."
A
questão de utilização deste complemento de alimentação animal foi
discutida reiteradas vezes com os colegas brasileiros. Eles sabem e
compreendem perfeitamente que o seu uso é proibido pela legislação russa
mas desrespeitam as exigências em vigor. Por quê?
"Acontece
que, neste caso, temos uma questão econômica. É que o uso de
semelhantes preparados permite aumentar o peso vivo do animal em 10%. Mas o que nos interessa não é a vantagem obtida pelos colegas brasileiros, mas, sim, a segurança do consumidor russo."
Pode-se
apontar na qualidade de momento positivo o fato de o serviço
veterinário brasileiro ter preparado e entregado à parte russa as
diretrizes de execução das exigências dos países-membros da Aliança
Alfandegária, que estabelecem as normas de garantia da segurança da
carne bovina, suína e avícola. O sistema tem como base o princípio de
controlo total “desde a granja até o navio cargueiro”. Os especialistas
russos irão estudar os documentos apresentados. Depois disso, as
consultas serão continuadas.
Serguei
Dankvert e Enio Marques trocaram também opiniões sobre os eventuais
fornecimentos de cereais russos ao Brasil. Qual é a situação atual?
"Acontece
que os países-integrantes do Mercosul resolveram eliminar as taxas
alfandegárias impeditivas e pôr em ordem as tarifas. Portanto, o trigo
russo passa a ser um produto em pé de igualdade com os produtos de
outros países. E isso diz respeito não somente ao mercado brasileiro mas
também a todos os mercados dos países da Comunidade Econômica da
América do Sul. O Brasil foi o primeiro a manifestar interesse em
relação à importação de trigo russo."
Os fatos citados são da responsabilidade do autor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário