PT e PSDB: duas cabeças do mesmo monstro
AFIRMO que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história
nacional. Corrupção tanto mais nefasta por servir à compra de
congressistas, à politização da Polícia Federal e das agências
reguladoras, ao achincalhamento dos partidos políticos e à tentativa de
dobrar qualquer instituição do Estado capaz de se contrapor a seus
desmandos.
Afirmo ser obrigação do Congresso Nacional declarar prontamente o
impedimento do presidente. As provas acumuladas de seu envolvimento em
crimes de responsabilidade podem ainda não bastar para assegurar sua
condenação em juízo. Já são, porém, mais do que suficientes para atender
ao critério constitucional do impedimento. Desde o primeiro dia de seu
mandato o presidente desrespeitou as instituições republicanas.
Imiscuiu-se, e deixou que seus mais próximos se imiscuíssem, em disputas
e negócios privados. E comandou, com um olho fechado e outro aberto, um
aparato político que trocou dinheiro por poder e poder por dinheiro e
que depois tentou comprar, com a liberação de recursos orçamentários,
apoio para interromper a investigação de seus abusos.
Afirmo que a aproximação do fim de seu mandato não é motivo para
deixar de declarar o impedimento do presidente, dados a gravidade dos
crimes de responsabilidade que ele cometeu e o perigo de que a repetição
desses crimes contamine a eleição vindoura. Quem diz que só aos
eleitores cabe julgar não compreende as premissas do presidencialismo e
não leva a Constituição a sério.
Afirmo que descumpririam seu juramento constitucional e demonstrariam
deslealdade para com a República os mandatários que, em nome de
lealdade ao presidente, deixassem de exigir seu impedimento. No regime
republicano a lealdade às leis se sobrepõe à lealdade aos homens.
Afirmo que o governo Lula fraudou a vontade dos brasileiros ao
radicalizar o projeto que foi eleito para substituir, ameaçando a
democracia com o veneno do cinismo. Ao transformar o Brasil no país
continental em desenvolvimento que menos cresce, esse projeto impôs
mediocridade aos que querem pujança.
Afirmo que o presidente, avesso ao trabalho e ao estudo, desatento
aos negócios do Estado, fugidio de tudo o que lhe traga dificuldade ou
dissabor e orgulhoso de sua própria ignorância, mostrou-se inapto para o
cargo sagrado que o povo brasileiro lhe confiou.
Afirmo que a oposição praticada pelo PSDB é impostura.
Acumpliciados nos mesmos crimes e aderentes ao mesmo projeto, o PT e o
PSDB são hoje as duas cabeças do mesmo monstro que sufoca o Brasil. As
duas cabeças precisam ser esmagadas juntas.
Afirmo que as bases sociais do governo Lula são os rentistas, a quem
se transferem os recursos pilhados do trabalho e da produção, e os
desesperados, de quem se aproveitam, cruelmente, a subjugação econômica e
a desinformação política. E que seu inimigo principal são as classes
médias, de cuja capacidade para esclarecer a massa popular depende, mais
do que nunca, o futuro da República.
Afirmo que a repetição perseverante dessas verdades em todo o país
acabará por acender, nos corações dos brasileiros, uma chama que
reduzirá a cinzas um sistema que hoje se julga intocável e perpétuo.
Afirmo que, nesse 15 de novembro, o dever de todos os cidadãos é
negar o direito de presidir as comemorações da proclamação da República
aos que corromperam e esvaziaram as instituições republicanas.
Mangabeira Unger*
*Mangabeira Unger de Harvard, aluno do embaixador americano no Brasil na Operação Brother Sam publicou
este artigo meses antes de integrar o Governo Lula em um
super-ministério (uma cadeira de lobbysta dentro do Palácio do Planalto)
– a “Carta ao Povo Brasileiro” não era suficiente a Washignton e era necessária mais uma garantia. Mangabeira Unger foi esta garantia.
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