TEXTO

“Surgirão muitos falsos profetas, que enganarão a
muitos; e, por causa do aumento do que é contra a lei,
o amor da maioria esfriará.”

Mateus 24:11, 12
Amauri Jr - dono e administrador do Blog

sábado, 20 de setembro de 2014

Marina Silva: a “conservadora” pirata

Historiador não consegue identificar adepta da Teologia da Libertação como esquerdista evangélica

Julio Severo
Em sua coluna do jornal O Globo de 6 de outubro de 2013, Ancelmo Gois fez uma descrição correta da esquerda evangélica:
“A face mais visível do protestantismo na política brasileira é a conservadora bancada evangélica no Congresso, que ataca, custe o que custar, a descriminalização do aborto e a legalização do casamento gay. Mas o que pouco se fala é que existem, há tempos, evangélicos de esquerda. Gente que, durante a ditadura militar, se declarava comunista e participava da luta armada, e que hoje defende o que os conservadores combatem. O historiador Zózimo Trabuco, de 31 anos, estuda o assunto para a sua tese de doutorado na UFRJ: ‘A expressão política da esperança: Protestantismos, esquerdas e transição democrática.’”
O colunista do Globo então posta uma entrevista breve feita a Zózimo, em que adicionarei meus próprios comentários para preencher óbvias lacunas do historiador:
Pergunta: Assim como existe a bancada evangélica, existe uma esquerda evangélica?
Zózimo Trabuco: Há setores evangélicos que reivindicam a identidade de esquerda. E, como a esquerda mudou com a experiência do PT no poder, os evangélicos também mudaram. Hoje eles são defensores das minorias [isto é, inclusive ativistas gays] e apoiam a legalização do aborto, o uso de métodos contraceptivos e o casamento gay. Há um grupo de cristãos que participa inclusive da Marcha das Vadias. O político evangélico de esquerda mais conhecido é o senador petista Walter Pinheiro, da Igreja Batista.
Pergunta: Marina Silva é uma representante dessa esquerda evangélica?
Zózimo Trabuco: Não. A trajetória dela é ligada ao catolicismo popular. Ela se converteu ao protestantismo quando já era senadora. As bases evangélicas que se aproximaram dela são conservadoras. Há uma certa pressão por verem nela a chance de o Brasil ter um presidente evangélico.
Julio Severo: E desde quando há desarmonia ideológica entre o catolicismo popular da Teologia da Libertação e a esquerda evangélica? O catolicismo popular de Marina Silva está diretamente ligado a Leonardo Boff, uma das principais vozes da Teologia da Libertação. A própria Marina declarou, em vídeo gravado com seu conselheiro espiritual Caio Fábio (neste link: http://youtu.be/ZGvsIXajiVs), que a Teologia da Libertação é o “evangelho vivo” — embora nada tenha a ver com o Evangelho de Jesus Cristo e tudo a ver com o evangelho de Karl Marx. Mesmo assim, de acordo com Zózimo, ela não pode ser classificada de evangélica esquerdista. O que ela é então? Uma melancia? Uma católica esquerdista infiltrada entre os evangélicos? Qualquer seguidor da Teologia da Libertação, seja católico ou evangélico, é esquerdista e colabora, querendo ou não, com a legalização do aborto e do “casamento” gay. Além disso, se o historiador acha que Marina não é de esquerda ou que a Teologia da Libertação não tem nada a ver com a esquerda, ele deveria explicar três questões:
1. Na Conferência Missão na Íntegra, o maior encontro brasileiro de lideranças da Teologia da Missão Integral (que é a versão protestante da Teologia da Libertação), consta o nome de Marina Silva juntamente com Ariovaldo Ramos como principais preletores.
2. Durante um bate-boca entre Marina e um de seus mais antigos aliados, o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ), mencionou-se que o partido Rede Sustentabilidade, que ele e ela tentaram fundar, tinha entre seus quadros “pessoas progressistas, de extrema esquerda e também ‘evangélicos de direita.’” Ao ouvir isso, de acordo com o GospelPrime, Marina rebateu: “Quem é evangélica aqui sou eu. Então sou de direita?” Na resposta, ficou claro que a ex-católica, mas não ex-adepta da Teologia da Libertação, não gosta de ser classificada fora da órbita esquerdista.
3. Ariovaldo Ramos e Marina Silva se queixaram da “onda de conservadorismo” que quase derrotou Dilma Rousseff na eleição presidencial de 2010. A onda conservadora foi a expressão de fortes sentimentos cristãos contra o aborto e o homossexualismo. Em vez de se colocarem frontalmente contra o histórico e posições patentemente abortistas e homossexualistas de Dilma e do PT, Ariovaldo divulgou seu manifesto público, declarando: “manifestamos as nossas rejeições diante da onda de conservadorismo que se abateu sobre o país nesse processo eleitoral”. E Marina, em sua “Carta Aberta aos Candidatos à Presidência da República Dilma e Serra”, criticou abertamente o que ela enxergou como “esse conservadorismo renitente que coloniza a política e sacrifica qualquer utopia em nome do pragmatismo sem limites”. (Fonte: http://bit.ly/11zFSqq)
Mesmo assim, o historiador Zózimo Trabuco passou a imagem falsa de que Marina nada tem a ver com a esquerda evangélica. A única interpretação correta dele sobre Marina foi que algumas “bases evangélicas que se aproximaram dela são conservadoras.” Mas essa aproximação vai mudar quem Marina é e sua devoção à Teologia da Libertação, que ela chama de “evangelho vivo”?
Valnice e Ana Paula Valadão com retrato de Marina
Eu realmente fico preocupado com esse tipo de historiador, que poderá passar para a história uma imagem totalmente falsa dos evangélicos. O que ele vai dizer para as gerações futuras? Que Marina era conservadora e Julio Severo um amante de Karl Marx?
Não sendo, presumivelmente, do meio evangélico, é bem fácil para Zózimo fazer retratações equivocadas de Marina. O mais preocupante são as lideranças evangélicas que sabem o que ela é e, mesmo assim, querem vender para a população evangélica na eleição presidencial de 2014 uma candidata “conservadora” totalmente pirata.
É muito fácil identificar um legítimo conservador. Nestes tempos de cultura da morte, o conservador demonstra uma postura sólida contra o aborto e o “casamento” gay. Nessas duas questões vitais, Marina tem um histórico escorregadio que nem de longe lembra conservadorismo.
Resta saber se os seus apoiadores terão criatividade o suficiente para apresentá-la como a conservadora que ela nunca foi.
Não é preciso ser um verdadeiro profeta para perceber o que está acontecendo. Mas os falsos profetas, que não têm compromisso com a verdade, estarão ocupados vendendo seu produto pirata. Vai aí uma melancia — vermelha por dentro e conservadora por fora?
Com informações do jornal O Globo

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