A posição do papa Francisco em relação aos muçulmanos é bastante conhecida. Em diversas ocasiões, desde que assumiu, Bergoglio recebeu diferentes lideranças islâmicas no Vaticano e seguidamente chamou os seguidores de Maomé de “irmãos”.
Em 2015, a Santa Sé reconheceu a Palestina como uma nação independente e em janeiro deste ano inaugurou sua embaixada da Autoridade Palestina (AP). Na ocasião, Mahmoud Abbas, líder da AP, disse que isso era um “sinal do grande amor do papa pelos palestinos”.
Na última semana, após a declaração de Trump sobre Jerusalém, estranhamente o pontífice mostrou uma grande aproximação com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tendodiscutido com ele o assunto pelo telefone no dia 7, menos de 24 após o discurso do presidente americano.
Tanto o dirigente turco quanto Francisco se opuseram firmemente à decisão de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. A nota oficial no site oficial do Vaticano, diz que estava acompanhando “várias iniciativas, entre elas as reuniões urgentes da Liga Árabe e da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI). A Santa Sé está atenta a essas preocupações e recorda as palavras mais sinceras do Papa Francisco, reiterando a sua posição bem conhecida quanto ao caráter singular da Cidade Santa e a necessidade essencial de respeitar o status quo, de acordo com as deliberações da comunidade internacional”.
O resultado da cúpula da OCI, liderada por Erdogan no dia 13 de dezembro, foi o reconhecimento das nações islâmicas de Jerusalém como capital da Palestina.
Na sexta-feira (15), enquanto palestinos provocavam mais um “dia de fúria” em Israel, Francisco anunciou que se encontrará com o rei Abdullah II, da Jordânia, nesta semana.
Abdullah é o “guardião dos locais sagrados muçulmanos”, incluindo as mesquitas que estão no monte do Templo, na Cidade Velha de Jerusalém. Segundo o que foi divulgado, ele e Francisco discutirão as tensões na cidade. O rei jordaniano vem dizendo que a mudança no status de Jerusalém é “uma violação dos direitos internacionais”.
Estranhamente, em vários dos discursos na cúpula da OCI, os líderes muçulmanos afirmaram que também falam em nome dos cristãos. Tanto Erdogan quanto Abbas têm insistido que entregar Jerusalém ao controle de Israel impediria o livre acesso aos locais sagrados para muçulmanos e cristãos, embora desde a reunificação da cidade, após a Guerra dos Seis Dias, em 1947, isso nunca aconteceu.
É difícil discernir o posicionamento do pontífice, que lidera mais de um bilhão de católicos do planeta. Ele manteve uma postura tímida enquanto ocorria um genocídio de cristãos no Oriente Médio, entre 2014 e 2017 nas mãos do Estado Islâmico. Em momento algum desautorizou os líderes islâmicos a falarem em nome dos cristãos e agora se posiciona ao lado dos inimigos declarados de Israel. Trata-se de um rompimento com uma postura histórica do Vaticano.
O primeiro foi o papa Urbano II, que propôs em 1095 que todos os cristãos se unissem para recuperar a Terra Santa das mãos dos muçulmanos. O resultado foram as Cruzadas, que deixaram Jerusalém livre do domínio do Islã entre 1099 e 1187. O mais recente foi o papa Bento 16, que em 2006 criticou a maneira como Maomé ensinou seus seguidores a impor sua religião com a espada. Com informações de Times of Israel
Por Jarbas Aragão - Gospel Prime
Nenhum comentário:
Postar um comentário